domingo, 12 de outubro de 2008

DANÇA - TERAPIA SEM FALA!

Quando nos movimentamos, fazendo e refazendo o mesmo caminho corporal, repetido há milhares de séculos por nossas ancestrais, será que é só a forma física que dança?Pense bem, o que somos? Um conjunto de células, órgãos, moléculas... Sensações, sentimentos, pensamentos... Então, quando nosso corpo redesenha as formas de uma geometria ancestral, temos sensações, lembranças, sentimentos...É incrível como a Racks El Shark (dança do leste), mais conhecida como dança do ventre, consegue soltar, desmembrar, desmanchar para esculpir novamente os corpos que nos formam. Costumo dizer que a dança do leste é uma terapia que começa a partir do corpo. Sem o uso da fala, a estrutura dos movimentos vai imprimindo uma nova dimensão na vida de quem dança.Para muitas pessoas, este processo silencioso através do corpo causa estranhamento. Percebemos as mudanças ocorrendo internamente, modificando nossa freqüência vibracional, o que provoca transformações na nossa maneira de agir, pensar e sentir o mundo. Silenciosamente, à medida que nosso corpo se solta, se desprende de um padrão antigo, as nossas couraças vão aparecendo, resistentes em nos abandonar.Quando temos esta percepção, temos também uma escolha a fazer: continuar a nos oportunizar uma redescoberta, ou ficarmos paralisadas, sem seguir adiante. Estes são momentos que se repetirão inúmeras vezes, dentro do processo de quem dança a dança do leste.Cada bloqueio existente no corpo emocional que encontra o seu correspondente no corpo físico, desencadeará uma crise, um caos, uma barreira a ser vencida.Mas por que isto ocorre? Creio que uma das razões deva-se ao fato de utilizarmos na geometria dos movimentos uma linguagem ancestral ditada pelas formas, ritualisticamente, desenhadas por nosso corpo através da dança - desde a postura, que exige a abertura da caixa torácica, a expansão ou alongamento do chakra solar (altura do estômago) e o encaixe do quadril, que traz de volta para a bacia, sua primordial função de acomodar os órgãos internos. Ora, adotando-se esta postura, um corpo que antes passava a idéia de um Ser contido, agora nos parecerá uma pessoa auto-confiante, aberta para o mundo. Tomada esta postura inicial, damos início à re-apropriação de nosso corpo, aprendendo a isolar os movimentos de cada um dos membros. Isto fará com que cada estrutura física que abriga um dos chakras principais desenvolva sua função. Aprendendo a isolar os membros inferiores (movimentos de pés, pernas, joelhos, coxas, glúteos e pélvis), dos membros superiores (abdome, peito, braços, mãos, pescoço e cabeça), estaremos gerando energia, o que fará com que os chakras correspondentes respondam a este estímulo.
A geometria implícita - Mas, então, qualquer movimento ou dança podem fazer isto?Este é o fundamento de diversas terapias energéticas e corporais. Porém, estamos falando da Racks El Shark. Nela, há um detalhe que faz toda a diferença: "as formas desenhadas." Aqui entra o que alguns denominam de Geometria Sagrada, presente em tudo o que tem vida no universo. Esta geometria, que é a linguagem ancestral para a compreensão da natureza, está implícita na dança do ventre. Nossa compreensão primária sobre o mundo físico está nas formas. Nossos ancestrais desenhavam formas geométricas nas paredes das cavernas, procurando reproduzir o mundo em que viviam. Não compreendiam a matemática, mas sabiam que a lua era um círculo, e assim a representavam em suas esculturas rupestres. Assim sendo, os movimentos da dança não são só técnicos, pois partem do inconsciente para o consciente.Ritualisticamente, desenhamos círculos, movimento marcadamente feminino, de natureza Yin, introspectiva, uterina. Desenhamos retas formando triângulos sobrepostos e quadrados, movimentos Yang, fortes, e que demonstram segurança, dinamismo e poder. Ritualisticamente também, desenhamos ondulações em oito, símbolo do infinito, presente nas formas microscópicas e que lembram as elipses dos átomos de energia - movimento que trabalha a nossa dualidade, os opostos, unindo nosso lado sombra a nosso lado luz.Quando o culto à fertilidade teve início, nos primórdios do período neolítico, provavelmente os povos desconheciam esta ciência, oculta na matemática das formas geométricas. Porém, a prática da dança, aliada ao culto à Deusa-Mãe, fez emergir a sabedoria embutida em seus ritos. E assim, atravessando o tempo, repetimos os mesmos movimentos que fazem surgir das profundezas, qual lótus em meio à lama, a luz mais plena de nossas almas femininas.

Mahaila DiluzzBailarina, coreógrafa e professora de Dança do Ventre e World Dance -Tribal mahailadiluzz@hotmail.com Porto Alegre/RS

3 comentários:

Luana Mello disse...

Olá Mahaila, meu nome é Luana e tb tenho um blog de Dança do Ventre, dá uma passadinha lá quando puder pra gente trocar umas figurinhas. Tem uma galera bem bacana que comenta por alí =}

beijo grande

Simone disse...

ótimo texto

Jorge Purgly disse...

Oi Mahaila
Te desejo um excelente ano de 2010!
Um abraço,
Jorge
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